domingo, 19 de janeiro de 2014

Aquecimento global: Farsa ou realidade?

Nos últimos anos, os danos causados ao meio-ambiente pela ação antrópica (ação humana) têm se sobressaído em documentários filmados, noticiários, periódicos relevantes e telejornais no mundo todo. Realmente, os danos ambientais têm se mostrado indiscutíveis, pois na área ao redor das residências, na maioria dos centros urbanos, os danos podem ser observados. Entretanto, o que está em pauta aqui não é o questionamento aos danos ambientais, em sua totalidade, mas sim, a uma das muitas agressões ao ambiente que têm assumido vulto universal: o aquecimento global antrópico.
Para muitos leitores, o questionamento dessa suposta realidade já é uma reação impensável, devido ao fato de tal fenômeno ser considerado globalmente como irrefutável, por causa das “provas” apresentadas em rede global, tanto na internet quanto nas principais agências de notícias. Porém, há um grupo não desprezível em número, de cientistas e estudiosos que questionam o aquecimento global antrópico. Esse grupo contraditório foi alcunhado pelos defensores da versão prevalente como “céticos” (duvidosos, incrédulos).
No Brasil, dois expoentes “céticos” têm adquirido notoriedade pela presença constante em blogs, agências de notícias e telejornais: o Dr. Luiz Carlos Molion, professor e pesquisador da UFAL (Universidade Federal de Alagoas) e PhD em Meteorologia. Além dos atributos citados, o professor representa, atualmente, os países da América do Sul na Comissão de Climatologia da Organização Meteorológica Mundial (OMM). O segundo expoente é o professor de Climatologia da USP (Universidade de São Paulo), Dr. Ricardo Felício. Ambos afirmam que a teoria do aquecimento global é uma grande falácia, por causa das seguintes provas:
(1)  O aumento da concentração de CO2 na atmosfera é uma consequência do aumento da temperatura global, e não uma causa. Os séculos precedentes mostram que aumentos na temperatura global são uma bênção e não uma maldição para a vida humana global. Houve um evento na alta idade média que elevou a temperatura global em 4 ou 5 graus, e se mostrou extremamente benéfica para a demografia e a expectativa de vida do europeu.
(2)  Há grande coleção de imagens sobre o derretimento de calotas polares, mas há também o ocultamento de grande número de imagens comprovando o congelamento. É um fenômeno cíclico. A calota antártica, tanto quanto a calota ártica aumenta e diminui conforme a época do ano. Ao passo que a fraude universal do aquecimento tenta convencer do contrário, os números estão aí para comprovar: é tudo parte de um fenômeno antigo, normal e observável.
(3)  Está havendo também um direcionamento dos resultados da medição de temperatura. Grande parte desses termômetros especiais, as estações medidoras, encontram-se em grandes centos populacionais, as metrópoles. É claro que nesses lugares há um microclima alterado por causa da impermeabilização urbana por concreto e asfalto que possui (este último) grande capacidade de absorção térmica, o que contribui sensivelmente para aumentar a temperatura e criar o microclima urbano, que altera dois ou três graus em relação às regiões rurais do entorno metropolitano.
Enfim, para os dois cientistas citados, o aquecimento global virou uma ferramenta para manter os grilhões sobre os países em desenvolvimento, pois reduzir as emissões significa para muitos países diminuir a produção de energia elétrica, visto que poucos lugares têm o privilégio hídrico do Brasil, e dependem da queima de combustíveis fósseis para a produção de eletricidade. Restringindo o crescimento dos países pobres, os ricos mantêm sua hegemonia por mais tempo garantida.

O professor Luiz Carlos Molion adverte que, pelo fato dele não crer no aquecimento global antrópico, não significa que não creia que o planeta não sofra pela ação humana. Degradação ambiental não tem que ver com aquecimento global, afirma. A poluição de rios, mananciais e do próprio ar provoca uma reação que fará o homem sofrer muito no futuro.

domingo, 11 de março de 2012

Diário das Férias de 2012 Parte 1 – A Viagem


Diário das Férias de 2012


Parte 1 – A Viagem

Às 20h50 do dia 27/01, numa porteira
da estrada pra fazenda:
28h de viagem ininterrupta.
 Loucura!
Loucura é pouco para descrever o que fiz com todo o gosto nas minhas férias de 2012. Saí de São Paulo dia 26 de janeiro, quinta-feira, 16h10min da garagem da minha casa em direção ao Rio Grande do Sul. Depois da morte de papai, em setembro do ano passado (2011), fiquei obcecado pela ideia de passar alguns dias sozinho na fazenda onde nasci e vivi até certa idade, e para onde, desde 2007 tenho ido nas minhas férias com papai. O lugar tem uma influência mágica sobre mim, acalmando meu ser e restaurando a comunhão com Deus, sem contar que a estadia nesse local sempre cheira a aventura (pneus furados, água racionada, dormir em barracas por causa da precariedade da casa abandonada, etc.).
A viagem transcorreu bem durante a noite até que percebi um vazamento de água pela tampa do radiador, o que me preocupou bastante, parecia ser válvula termostática. Pela manhã cedo parei numa cidade (Vacaria, RS) e solicitei a um mecânico que retirasse a válvula. Infelizmente o problema não foi sanado. Parei mais uma vez, ainda dentro da cidade e percebi que a tampa do radiador estava com trincas na rosca, as quais causavam a fuga da água quando a pressão aumentava. Fui numa loja de autopeças e comprei uma tampa nova, e o problema foi sanado. Possivelmente nem seria necessária a retirada da válvula termostática se tivesse observado com mais atenção. Continuei a viagem despreocupadamente. Minha meta era chegar à fazenda até às 20h00min, devido aos atrasos, mas não foi possível. Consegui chegar somente às 22h00min. Ainda juntei energia para montar a minha barraca, nos escuros mesmo. Coloquei minhas duas lanternas amarradas à arvore sob a qual faria a montagem, e às 00h30min do dia 28 eu já estava dentro dela confortavelmente. Dentro de alguns instantes o sono tomou conta de mim, e fiquei completamente fora da realidade, entregue aos braços de Morpheu.
Destaques da viagem:
Lanterna de led sobre o capô do carro
na fazenda, ajudando na montagem
da barraca, 22h00 do dia 27/01.
a)      Enquanto passava pela Barra do Turvo (divisa de estados SP/PR) passei por uma das experiências mais interessantes da minha vida. Tirei dos ouvidos o MP3 que estava ouvindo e pensei fortemente em Cristo. Conversei por mais de uma hora com Jesus de uma forma que há muito tempo não fazia. Foi sublime. Relatei-lhe meus problemas, medos e fracassos, minha sensação de impotência diante de algumas situações particulares e meus anseios em relação à viagem de férias. Nota dez.
Balseiro arrumando as tábuas para o
carro poder sair ao final da travessia.
b)     Um dos destaques que antes do início da viagem já estava causando muita curiosidade era o itinerário. Pelo Google Maps e o Earth já havia identificado um atalho que reduziria a viagem direto à fazenda em 150 km, pelo menos. O inconveniente é que havia um trecho de uns 20 km, pelo menos, que me era desconhecido, entre Santaninha da Boa Vista (RS) e a balsa da divisa entre este município e o de Pinheiro Machado, no qual se situa a propriedade de minha família. Da balsa pra frente eu já conhecia. Com alguma luta consegui chegar até a balsa, foi uma experiência incrível. O balseiro, Seu Jadir, gente boníssima, usa os próprios braços para tracionar a estrutura de madeira, por meio de uma corda. Fiz questão de filmar a travessia, e entrevistei o balseiro, que me tratou com muito respeito, educação e um sorriso maravilhoso de gente humilde.
c)      Após a saída da balsa senti como se minhas forças tivessem renascido, como se eu estivesse iniciando a viagem naquele momento. Eram aproximadamente 19h20 quando os pneus do meu Mille Fire tocaram a terra firme do outro lado. Rever as colinas, a estrada conhecida, sobre a qual já andara muitas vezes causou-me uma sensação muito agradável, apesar de estar dirigindo ininterruptamente há 27 horas. Fiz algumas filmagens no percurso de 50 km da balsa até a fazenda, e realmente posso dizer que valeu a pena mesmo. Deixo um destaque especial para um depoimento sob a luz do por-do-sol no local chamado "Esquina da Sorte".

d)     Quando estava já dentro da minha barraca, com o colchão já inflado, agradeci muito a Deus num vídeo que fiz questão de gravar sob a luz da lanterna. Repentinamente o corpo cobrou o cansaço e o déficit de sono de mais de 28 horas ininterruptas de aventura, e caí exausto sobre o colchão, e literalmente esqueci a máquina filmando. Quando acordei pela manhã, lá pelas dez e tantas, a filmadora flagrou minha cara amassada, meus bocejos, e só então a desliguei. Depois editei o vídeo e deletei as várias horas de sono, deixando somente a parte do flagrante do homem se acordando.




quinta-feira, 8 de março de 2012

Parte 2: O Sábado e a Viagem Para Bagé (RS) no Domingo (29/01)

Depois do flagra “do homem se acordando”, dormi até às 12h30min aproximadamente. Como não tive tempo de preparar alimento cozido na sexta-feira, comi o que tinha ao meu alcance. Fiz um vinagrete com cebola, pimentão, tomate, azeite de oliva e orégano, tudo cru. Ficou bem saboroso até. À tarde, aproveitei os momentos para ouvir louvores e orar a Deus. Não sei explicar por que estava tão emotivo. Chorei ao ouvir várias canções de Deus. Conversei bastante com o Senhor naquela tarde de sábado. De quebra, alguns sentimentos estranhos apareceram em meu coração. Uma espécie de desânimo, um tipo de desilusão. Atribuí ao choque de mudança de ambiente muito brusca, e à estafa mental da viagem de 28 horas.
Outra coisa também estava me incomodando bastante. Como cheguei tarde na noite anterior, e estava muito cansado, desisti da ideia de ir ao riacho tomar banho e dormi todo suado, grudando. É uma sensação péssima. Só dormi porque o corpo já não aguentava mais parar em pé. Durante o dia de sábado, permaneci na mesma situação. À tardinha desci ao riacho e tomei um refrescante banho. Uma sensação deliciosa. Voltei à barraca, a fome começou a me pegar, então fui até à cozinha e preparei uma panela de pipoca (após o pôr-do-sol) e comi tranquilamente dentro da barraca. Dormi serenamente, confiando em Deus. No domingo, levantei-me às 9h30min e tratei de ajeitar as coisas para a viagem à cidade de Bagé, a fim de buscar minha irmã Sayonara para passar uns dias comigo. Tanto a ida quanto a volta ocorreu sem imprevistos nem problemas. Minha irmã e meu sobrinho Alisson ficaram comigo do dia 29 de janeiro até o dia 5 de fevereiro. Teria muitas coisas a falar a respeito da estadia deles comigo, visto que foram ótimas companhias, distraíram-me bastante. Um ponto gostaria de ressaltar: a escalada da "Pedra do Custódio".


A Pedra do Custódio
Desde a infância sempre foi meu sonho ir à tal "Pedra do Custódio". Mas, por que tem esse nome? Papai contava que um homem com esse nome morava nas imediações, e a Pedra foi batizada com o nome dele. 
No dia 2 de fevereiro decidimos partir em direção à Pedra. A tarde estava nublada, e saímos às 16h00 da sede. Levamos 3 litros de água repartidos nas mochilas, e partimos. A caminhada seria longa, 5 km a pé até o local, além da escalada. Subimos a tal pedra, com direitos a filme e tudo. A escalada foi um sucesso, e às 20h30 estávamos de volta, depois de um bom banho de riacho na volta. Chegamos felizes e contentes. Abaixo, algumas fotos para curtição.
Meu sobrinho Alisson
Mana Sayonara
A bela Pedra do Custódio, mais de 100 metros de altura
Eu, mana e Alisson, no pé da Pedra.
Enfim, a vitória! Sobre a Pedra!
Visão panorâmica da paisagem de cima da Pedra

quarta-feira, 7 de março de 2012

Parte 3: Uma Companhia Especial

Entretanto, no dia 8 de fevereiro, ao retornar para a velha fazenda, levei comigo um parente com quem não tinha muita afinidade, e esteve comigo até o dia 11: meu sobrinho Deivid, de 26 anos, e minha irmã Sônia, que precisou ir de ônibus no dia seguinte.
Meu sobrinho Deivid Furtado de Souza e Minha irmã, Sônia
Esse menino cedo já começou a viajar, morou em Florianópolis, Curitiba e outros lugares. Ultimamente andou tendo alguns problemas com dependência química, e esteve alguns meses internado numa Clínica especializada em Rio Grande (RS). Pensei algumas vezes antes de convidá-lo a estar comigo uns dias, mas pensei em que Deus é superior a qualquer cuidado humano, e está interessado na salvação e enobrecimento de todos os membros da família humana neste planeta. O lado interessante é que eu poderia ser usado por Ele para influenciar meu sobrinho.
A viagem foi muito divertida. O garoto já tinha tido uma experiência espiritual na igreja Assembleia de Deus, e entendia alguma coisa da Palavra. Ele cresceu distante de mim, porque quando deixei minha cidade, em 1995, ele tinha apenas 9 anos, e pouco contato tivemos desde então. Devido a isso, eu era quase um desconhecido para ele, em questão de opiniões, pontos de vista e religiosidade, mais desconhecido ainda. Ele sabia que eu era religioso de longa data, mas nunca conversou a respeito. Na viagem, cobriu-me de perguntas a respeito da Palavra, foi bem legal trocar ideias.
A chegada foi marcante. Logo que tiramos as malas do carro, preparamos as roupas e descemos ao riacho para tomar um banho refrescante. Prontamente negou a possibilidade e resolveu aderir ao meu hábito. Dentro do riacho conversamos mais um pouco sobre a Palavra, o assunto estava rendendo. Voltamos às barracas, jantamos, e saímos para dar uma caminhada sob a luz do luar. A lua estava quase cheia, e proporcionava luminosidade muito diferente da que estamos acostumados a ver na cidade grande quando ela aparece (na verdade poucos a veem numa noite de cidade grande). Isso impressionou o menino, e o assunto ia prosseguindo. Lá pela meia-noite, ajudei-o a inflar seu colchão de ar, e ao final, estava suando em bicas. Nesse momento, arrisquei e propus: “Deivid, vamos descer ao riacho e tomar um banho?” Qual não foi minha surpresa quando o ouvi dizer: “É claro, tio. Vamos nessa!” Então arrematei: “Como está quente e abafado, vamos só levar as toalhas para que não sue na volta, ao subir esta ladeira”. E ele disse: “Ah, se é assim, vou fazer como o senhor”. E assim foi. Descemos às gargalhadas em direção ao riacho, comentando entre altos risos qual seria a reação de caçadores clandestinos de tatu (na hipótese de estarem nos campos e passarem próximos a nós) se nos vissem do jeito que estávamos. Foi um riso descontraído. Ficamos de molho na água até às 2h00min, e mais de 90% do tempo que ali passamos foi falando sobre a Palavra. Em seguida voltamos tranquilamente e fomos nos acomodar nas barracas. O garoto dormiu como uma criança até às 11h00min do outro dia.
Assim foram os dias que passamos juntos. Senti-me feliz por ter sido útil à causa do Mestre ajudando de certa forma esse garoto. Além de nos conhecermos melhor, consegui deixar uma ótima impressão da Palavra de Deus na vida dele. Foi daquelas viagens que dificilmente alguém esquece. Atualmente o missionário local, Flávio Serafim, está dando continuidade aos estudos bíblicos. No domingo, dia 12, deixei-o em Candiota, na Vila Operária, para tomar o ônibus para Bagé juntamente com sua mãe. Eram mais de 5 horas da tarde, e era hora de voltar, agora sozinho, à velha fazenda, sessenta quilômetros de distância. A expectativa era grande, ficar vários dias a sós com Deus. Como seria? Era o que eu estava para descobrir.

Parte 4: A Sós Com Deus e a Natureza!


Nhandu, a Ema, o Avestruz dos Pampas Gaúchos.


A convivência nas duas etapas de companhia com as minhas irmãs e meus sobrinhos foi muito benéfica, por dois motivos: relaxei e fiquei muito à vontade, fator importante para se inteirar de todos os aspectos do ambiente com o qual me relacionaria em breve de maneira radical, e a higiene mental, item igualmente básico. Quando tiramos férias, os primeiros dias são decisivos para o bom aproveitamento das mesmas, pois nossa mente ainda não está inteirada da realidade, ou seja, ainda está no ritmo mental do trabalho. Leva-se pelo menos uns dez a doze dias para o cérebro conseguir absorver plenamente a ideia de que está num período de descanso e descompromisso com as regras estabelecidas pelo trabalho cotidiano. Portanto, uma “limpeza”, um suave ritmo de passagem das horas e dos primeiros dias é fundamental. Tenho minhas dúvidas se suportaria passar sozinho os mais de vinte dias aqui nesse lugar sem a companhia dos primeiros dias. Minha mente foi higienizada de maneira perfeita pela interação com outras pessoas. O choque de ambiente seria fatalmente insuportável, creio, se tivesse saído diretamente do frenesi paulistano para esse local calmo e desolado, isolando-me sem um estado intermediário de interação com outras pessoas.
Foto da Fazenda, a 5 km de distância, chegando de Candiota à tardinha!
A chegada à fazenda no dia 12 de fevereiro deu-se de forma normal e tranquila. Havia uma possibilidade de uma viagem para o Rio de Janeiro ou Mato Grosso do Sul na quarta-feira próxima, mas era uma possibilidade condicional. Até terça à noite eu deveria confirmar com Andrea se iria ou não fazer tal proeza. Tudo dependeria de como me sentiria sozinho na imensidão dos pampas gaúchos. Desci ao riacho para o banho costumeiro, com a diferença de não ter ninguém para conversar. Após lavar as roupas e higienizar meu corpo, deitei-me tranquilamente nas águas frescas do riacho, e aquele primeiro momento foi mágico. Senti na alma cada trinado de pássaro, cada coachar de rãs, e senti a leve brisa a eriçar meus cabelos. Não há outra palavra para descrever aqueles momentos, a não ser essa: “mágico”!


Pôr-de-sol magnífico capturado com a Kodak Z990
Ao entrar na barraca para pernoitar, uma surpresa não muito boa: meu colchão de ar estava furado. Não aguentava mais do que duas horas, e as costas já começavam a sentir o chão duro. Enchi bem o colchão e dormi, sabendo que meu sono é pesado, e contando com a possibilidade de não acordar incomodado com o colchão parcialmente vazio. E assim foi. Às 6h30 fui acordado pela suave claridade do princípio do alvorecer. Um pouco de dor nas costas devido às longas horas sobre o solo inclemente, mas não dava pra reclamar. Até foi bom, porque assim o desconforto não permitiu que eu permanecesse mais tempo curtindo a preguiça no leito. Levantar-me cedo era uma necessidade, porque até então, desde o dia 28 de janeiro eu não havia fotografado o alvorecer, uma das minhas composições favoritas para fotografia nessa região. No final das contas saí no lucro. Agora poderia ter todo o tempo do mundo para me dedicar à vontade ao afã de fotografar.
Na quinta-feira, dia 16, tomei uma decisão importante. Já havia lido todas as revistas que comprara em Bagé, e nada mais havia para ler. Até mesmo as revistinhas de caça-palavras da “Coquetel” já haviam se esgotado. Então, fui até Torrinhas, comprei tomates e cebolas, que haviam terminado, mas não encontrei as tais revistas. Decidi ir até à Vila Operária, em Candiota, onde encontrei o que precisava. Cheguei em casa já bem tarde, mais de 19h00. Desci ao riacho, esvaziei bem meu colchão, levei a bomba, uma borracha que consegui na fazenda vizinha, e mãos à obra. Interessante, o furo estava bem ao lado de um conserto que fizera há uns dois anos, em Paraty, no Rio de Janeiro. Achei que o Tree-bond (similar do super bonder) não fosse dar conta do recado, mas se saiu muito bem. Dormi em paz e confortável aquela noite.
Lua ao entardecer, despontando por detrás das nuvens
A sexta-feira foi um dia especial. Na parte da manhã levei as panelas da Deia (que eu havia tomado sem ela saber) até à sanga, para dar um trato especial. Gastei quase duas horas para deixa-las brilhando, enfim deu tudo certo. Tomei um banho gostoso e ao voltar à sede, deu para bater algumas fotos interessantes, centradas na minha pessoa, não na paisagem. A aparência daquele dia indicava movimento sério no tempo, e não deu outra. Depois das 16h00min, o tempo fechou misteriosamente. Nuvens negras envolveram os céus, predominando o negrume para o lado sul e oeste (é o lado perigoso de chuvas). Isso rendeu fotos interessantes. Fiz a minha preparação, cozinhei macarrão e arroz, e deixei no jeito um tabule para preparar no sábado, dia seguinte. Desci à sanga, tomei um bom banho e retornei em tempo de receber o sábado. Achei que cairia um pé d’água fenomenal, mas foram uns poucos pingos. A noite continuou fuzilando, pensei que o aguaceiro chegaria na madrugada, mas nada aconteceu. Dormi em paz e tranquilo.
O sábado foi um dia sem muitas novidades, até dormi tranquilamente na parte da tarde, embora estivesse muito quente o tempo. À tardinha tomei o tradicional banho de sanga, fiquei mais de duas horas lá, de molho, pensando na vida, envolvido em meus pensamentos profundos, algo fantástico.
O dia da partida
Local onde tomei meu último banho, foto tirada no momento de partir.
O domingo, definitivamente, seria o dia da partida, dia 19 de fevereiro. O dia começou agitado, arrumando caixas, ajeitando louças, panelas, ferramentas, arrastando móveis e coisas afins. Foi o dia mais quente e abafado de todos os 21 dias que passei ali naquele abençoado lugar. Acho que a temperatura deve ter encostado nos 40°. Desmontei a barraca com o coração partido, sabendo que teria de deixar dentro de alguns momentos o meu retiro tão agradável... lá pelas 16h00min desci à sanga para tomar meu último banho. Aquele banho foi diferente, porque recapitulei minha vida, desde a década de 80, que foi um período especial, o período da infância, no qual vinha várias vezes ao ano para a fazenda, junto com meus pais, e algumas vezes junto com meus sobrinhos. Era um período que deixou saudades e lembranças que jamais serão esquecidas. Outra fase que marcou muito foi a década de 90, um período conturbado para mim, no seu início, porque tive de enfrentar muitas dificuldades para aceitar o evangelho. No ano de 1993 passei muitas horas nessas matas lendo o livro “O Desejado de Todas as Nações”, uma biografia de Cristo baseada nos Evangelhos, pela primeira vez. É o meu livro preferido sobre Jesus. Foram dias especiais aqueles. Aproveitei as quase duas horas que fiquei pela última vez naquele arroio para orar bastante também. Deus tem me guardado muito, permitiu que eu obtivesse experiência, é paciente com meus erros, e quantos erros! E, de quebra, ainda pude fazer um filme sobre meu lugar predileto de tomar banho.
Última foto antes de filmar o vídeo de despedida! Emocionante!
Às 17h30min decidi subir, olhando atentamente para cada árvore, ouvindo pela última vez o murmúrio do regato que serpenteava o vale à minha direita. Até a microflora do lugar foi apreciada, como se eu estivesse dando um último adeus àquelas paragens.
Quando desci para o riacho, deixei o carro arrumado, com todas as malas dentro. Assim, cheguei, coloquei minha roupa e preparei a máquina digital no encosto de cabeça do banco do carona para fazer algumas tomadas durante a viagem. Quanto à outra máquina, a Kodak, montei-a no tripé e fiz meu último filme, o de despedida.
Última foto da viagem, a de despedida, 18h00, dia 19/02/2012, saindo definitivamente da fazenda! Saudades!

O Filme de Despedida!

“Foi de cortar o coração”. Essa é a frase que sintetiza melhor o que senti ao fazer essa filmagem. Meu coração estava se derramando, sentindo o céu azul e a terra, sentindo a brisa quente daquela tarde tórrida, sentindo a quantidade imensa de energia positiva que aquele lugar estava transmitindo, as lembranças, a ansiedade da viagem de chegada, e os dias maravilhosos que passei ali... e sem contar a presença mais que marcante da lembrança de papai, meu herói guerreiro, que havia me acompanhado àquele lugar muitas vezes, desde a década de 80 até o ano de 2011. Papai era um museu vivo de experiências transcendentais naquele lugar desde a década de vinte do século passado, um homem que viveu muito bem por um longo período de tempo (92 anos), e que agora deixou uma influência mais que fantástica na minha vida. A ele devo minha existência, criação e educação num lugar tão maravilhoso como o da fazenda de minha infância. Que o Senhor tenha em conta sua memória e o ressuscite para nos reencontrarmos nas mansões celestiais, e será algo fantástico. Um dos pontos de destaque da última filmagem foi a comparação de minha experiência naquele lugar com a de Tom Hanks no filme “O Náufrago”, no qual ele protagoniza um homem que sofre naufrágio pela queda de um avião da Fedex e acaba à deriva até achar uma ilha onde fica um bom período de tempo. Suas experiências naquela ilha são interessantes, e depois de um determinado período, decide partir mar a dentro numa jangada improvisada. Uma cena marcante foi a das lágrimas que derramou ao deixar a ilha, que lhe serviu de lar por tanto tempo. Assim foi comigo, me identifiquei muito com o lugar nos dias que passei ali sozinho. Não pude evitar as lágrimas na partida também. Em breve o filme estará no Youtube.

E assim chegaram ao fim os deliciosos dias de férias na fazenda, no RS. Abraços a todos que curtiram.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

A Melhor Entrevista de 2009: Cabo Anselmo Ressurge! Parte 5 de 9

Cabo Anselmo foi uma das figuras mais controversas dos anos de ditadura militar no Brasil. Foi o responsável por ter liderado a famosa "Revolta dos Marinheiros", no começo de 1964, considerado um dos principais estopins do Golpe Militar de 31 de março. Em seguida, alguns anos mais tarde, cai nas mãos da repressão militar, é torturado pelo próprio delegado Fleury, e resolve trabalhar como Agente Duplo: era um espião da ditadura, e se infiltrava nos grupos guerrilheiros para facilitar as capturas dos subversivos.


A Melhor Entrevista de 2009: Cabo Anselmo Ressurge! Parte 6 de 9

 Cabo Anselmo foi uma das figuras mais controversas dos anos de ditadura militar no Brasil. Foi o responsável por ter liderado a famosa "Revolta dos Marinheiros", no começo de 1964, considerado um dos principais estopins do Golpe Militar de 31 de março. Em seguida, alguns anos mais tarde, cai nas mãos da repressão militar, é torturado pelo próprio delegado Fleury, e resolve trabalhar como Agente Duplo: era um espião da ditadura, e se infiltrava nos grupos guerrilheiros para facilitar as capturas dos subversivos.


A Melhor Entrevista de 2009: Cabo Anselmo Ressurge! Parte 7 de 9

 Cabo Anselmo foi uma das figuras mais controversas dos anos de ditadura militar no Brasil. Foi o responsável por ter liderado a famosa "Revolta dos Marinheiros", no começo de 1964, considerado um dos principais estopins do Golpe Militar de 31 de março. Em seguida, alguns anos mais tarde, cai nas mãos da repressão militar, é torturado pelo próprio delegado Fleury, e resolve trabalhar como Agente Duplo: era um espião da ditadura, e se infiltrava nos grupos guerrilheiros para facilitar as capturas dos subversivos.


A Melhor Entrevista de 2009: Cabo Anselmo Ressurge! Parte 8 de 9

Cabo Anselmo foi uma das figuras mais controversas dos anos de ditadura militar no Brasil. Foi o responsável por ter liderado a famosa "Revolta dos Marinheiros", no começo de 1964, considerado um dos principais estopins do Golpe Militar de 31 de março. Em seguida, alguns anos mais tarde, cai nas mãos da repressão militar, é torturado pelo próprio delegado Fleury, e resolve trabalhar como Agente Duplo: era um espião da ditadura, e se infiltrava nos grupos guerrilheiros para facilitar as capturas dos subversivos.


A Melhor Entrevista de 2009: Cabo Anselmo Ressurge! Parte 9 de 9

Cabo Anselmo foi uma das figuras mais controversas dos anos de ditadura militar no Brasil. Foi o responsável por ter liderado a famosa "Revolta dos Marinheiros", no começo de 1964, considerado um dos principais estopins do Golpe Militar de 31 de março. Em seguida, alguns anos mais tarde, cai nas mãos da repressão militar, é torturado pelo próprio delegado Fleury, e resolve trabalhar como Agente Duplo: era um espião da ditadura, e se infiltrava nos grupos guerrilheiros para facilitar as capturas dos subversivos.

GOOGLE Para Historiadores! Simplesmente Fantástico! Leia!

Esse artigo é compilação do blog "Café História", e pode ser encontrado aqui: é só clicar aqui!


Google para Historiadores


Empresa americana lança aplicativo que promete conquistar historiadores e pesquisadores de ciências humanas em geral. O que ele faz? Permite traçar tendências culturais e políticas nos últimos duzentos anos.



O Google Labs, inovadora seção de aplicativos protótipos do Google, lançou no último dia 16 de dezembro o "Google Books Ngram Viewer", uma ferramenta elegante e que pode em breve se tornar um verdadeiro aliado para pesquisadores, professores ou mesmo estudantes. O "Books Ngram Viewer" utiliza o banco de dados do "Google Books" (sistema de livros digitalizado online para consulta gratuita) para contar quantas vezes um mesmo nome, frase, termo, expressão ou conceito foi utilizado entre 1800 e 2000. Assim, com apenas alguns cliques é possível saber em menos de um segundo a trajetória de uma palavra ao longo de dois séculos de cultura escrita e descobrir um pouco mais sobre as tendências culturais, políticas e sociais de nosso tempo.
Em um primeiro momento, o Books Ngram Viewer (http://ngrams.googlelabs.com/) não chama muito a atenção dos internautas, hoje acostumados às dezenas cores, animações e outras pirotecnias que os grandes sites promovem para conquistar o público. Em sua tela, o internauta precisa preencher apenas três espaços: palavra(s), período e a língua a ser pesquisada. Depois, basta clicar em "Search lot of books". O sistema, então, irá consultar um banco de dados de mais de 500 bilhões de palavras, divididas entre 5 milhões de livros, publicados entre 1800 e 2008 e digitalizados pelo Google nos últimos anos. Essa consulta - que não leva mais do que dois segundos - gera um gráfico no qual é possível observar a evolução (ou involução) de uma palavra ao longo do tempo.
Essa simplicidade arrasadora é o suficiente para oferecer um mar de possibilidade de estudos. Atualmente, é possível consultar bancos de dados de livros em inglês, francês, espanhol, alemão, chinês e russo. Pode-se inserir uma ou mais palavras. Pode-se ainda comparar os resultados de uma palavra dentro do universo de livros em inglês e em chinês ou espanhol. Por exemplo: o grau de incidência da palavra "terrorism" dentro das publicações em inglês é muito diferente desta mesma palavra em outras línguas, mostrando o lugar que esta expressão tem na cultura americana.

Como tudo começou
O "Books Ngram Viewer" nasceu da necessidade de uma pesquisa acadêmica. Em 2004, Jean-Baptiste Michel e Lieberman Aiden, de Harvard, começaram uma pesquisa sobre verbos irregulares no inglês. Eles desejavam determinar quando formas verbais específicas deixaram de ser usadas em detrimento de outras, mais modernas. Na época, esse tipo de pesquisa implicava na leitura, página por página, de milhares de livros. O processo todo lhes custou longos 18 meses. Pouco mais de um ano depois, os acadêmicos de Harvard souberam dos planos do Google para digitalizar todos os livros do mundo, algo que foi parcialmente alcançado com o Google Books, que digitalizou 11% dos livros do mundo. Aquele parecia ser o tipo de tecnologia ideal para a pesquisa de Aiden e Michel e provavelmente para outros milhares de pesquisadores em todo o mundo. Assim, os dois entraram em contato com Peter Novig, diretor de pesquisa do Google. Novig logo percebeu a importância daquela ideia para a ciência e deu carta branca para os desenvolvedores. O Books Ngram Viewer é a versão mais acabada desta ideia e utiliza 4% do banco de dados do Google Books. A nova ferramenta foi lançada na última semana e descrita em um artigo intulado "Quantitative Analysis of Culture Using Millions of Digitized Books", publicado na revista Science (tiny.cc/td0rd). O Google Books Ngram Viewer utiliza um método de modelagem chamado N-gram, que possibilita buscas em sequências de linguagem natural. Para os pesquisadores envolvidos na criação, a ferramenta significa a abertura de uma nova abordagem para os estudos culturais. Nos últimos dias, não se fala em outra coisa nos principais círculos das ciências humanas. A sensação é que algo revolucionário está sendo criado.

Historiadores
Para os historiadores, o programa desenvolvido pelo Google é uma ferramenta incrível de auxílio à pesquisa. Como bem se sabe as palavras não são entidades estáticas, programadas para ter um começo, meio e fim. Mas pelo contrário: são vivas, políticas, sujeitas à ação dos homens em sociedade. E o Books Ngram Viewer mostra muito bem isso. Com ele torna-se possível identificar quais termos são mais sensíveis que outros, desvendar dimensões até então pouco abordadas da memória social e outros processos políticos e sociais de diversos períodos históricos.
O Café História testou várias combinações. No clássico Brazil x Argentina, na língua inglesa, por exemplo, nós continuamos dando de goleada. O Brasil sempre foi muito mais citado do que o vizinho. No entanto, é curioso observar que tanto o crescimento quanto a queda das referências a ambos seguem o mesmo padrão. A década de 1940 representa o período de maior menção aos dois países, o que pode ser explicado pelo auge da cultura do American Way of Life e sua influência na América do Sul. Confira no gráfico abaixo:



Curioso também notar a trajetória de palavras caras à historiografia. É o caso do termo "holocaust", utilizado para se referir ao extermínio de seis milhões de judeus durante o Terceiro Reich (1933-1945). Segundo o Books Ngram Viewer, a palavra conheceu um verdadeiro boom na década de 1980, o que reforça decisivamente teses acadêmicas já existentes e que apontavam aquela década como um período de consolidação da memória do genocídio nazista. Para os historiadores, a década de 1980 testemunhou uma proliferação de filmes, museus e outros eventos memorialísticos que tiveram um grande impacto na representação do extermínio dos judeus no século passado, sobretudo na produção de referências bibliográficas.



Esse processamento dos dados, que Lieberman chamou de "culturomics" ("cultorômica", em língua portuguesa), está ao alcance de todos. O site já está no ar, é gratuito e o melhor: pode ser baixado por qualquer usuário e explorado em detalhes, a partir de suas próprias ferramentas de busca. Além do Google e de Harvard, fazem parte da equipe de gerenciamento do Ngram pesquisadores da Enciclopédia Britânica e do Dicionário Americano Heritage. Confira o site sobre a recém-batizada "Culturômica": http://www.culturomics.org/
Enquanto isso, mesmo para os não acadêmicos, o programa já diverte os meios de comunicação. O jornal O GLOBO fez um contraste entre "women" (mulher) e "man" (homem), descobrindo que o primeiro era raramente mencionado até o início dos anos 1970, momento em que o feminismo ganha força. A partir daquela década as duas linhas do gráfico movem em direções opostas até se encontrarem em 1986. Já o site Read Write Web fez uma série de 10 comparações, que você pode conferir clicando no seguinte link. Destaque para a comparação entre os meios de comunicação:

http://www.readwriteweb.com/archives/10_fascinating_word_graphs_fro....
Não perca tempo. Visite esta importante novidade na internet e faça uso dela para aprimorar suas pesquisas e estudos. A história vem passando por grandes transformações e você não precisa ser um mero espectador.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

UNESCO lança material didático inédito no Brasil sobre a África!

História da África para Download




Coleção “História Geral da África” ganha edição em língua portuguesa e pode ser baixado por qualquer pessoa através do site da Unesco. São mais de seis mil páginas que prometem melhorar ainda mais o ensino de história nas escolas brasileiras

Publicada há seis anos, a Lei 10.639/03 tornou obrigatório o ensino da história e da cultura afro-brasileira em todas as escolas brasileiras. A medida foi bastante comemorada pelos profissionais da educação, sobretudo pelos professores de história. No entanto, embora a implementação da lei tenha sido uma grande conquista, muitos educadores continuam tendo dificuldades em ministrar o conteúdo de História da África. Há poucos livros publicados sobre o assunto e o número de especializações na área ainda está longe de atender à demanda. Para alívio dos professores, porém, esse cenário começou a mudar neste fim de ano. Acaba de ser lançada no Brasil a coleção “História Geral da África", um material de extrema importância para professores que atuam em diversos níveis de ensino. E o melhor: a obra é totalmente gratuita e encontra-se disponível para download.

Publicada originalmente pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (Unesco) entre 1960 e 1990, "História Geral da África" é uma espécie de "arrasa quarteirão" no campo da história. A obra possui 6 mil páginas e encontra-se dividida em 8 volumes: I) "Metodologia e Pré-História da África"; II) África Antiga; III) África do século VII XI; IV) África do século XII ao XVI; v) África do século XVI ao XVIII; VI) África do século XIX à década de 1880; VII) África sob dominação colonial, 1880-1935; VIII) África desde 1935. Tudo isso foi produzido por mais de 350 especialistas das mais variadas áreas do conhecimento, sob a direção de um Comitê Científico Internacional formado por 39 intelectuais, dos quais dois terços eram africanos. E é justamente por este último aspecto que "História Geral da África" vem sendo considerada uma obra de valor único e inédito.

A edição completa da coleção já foi publicada em árabe, inglês e francês. A versão brasileira, que acaba de ser lançada,foi possível graças a uma parceria entre a Unesco, o Ministério da Educação e a Universidade de São Carlos (UFSCar). Entre tradução, revisão técnica e adaptação às normas ortográficas custou R$ 2 milhões e envolveu 45 pesquisadores do Núcleo de estudos Afro-Brasileiros da UFSCar.

Para os organizadores, o principal objetivo da tradução é fazer com que professores e estudantes lancem um novo olhar sobre o continente africano e entendam sua contribuição para a formação da sociedade brasileira. Segundo Fernando Haddad, ministro da Educação, a coleção vem preencher uma lacuna na educação brasileira. “De fato, a história africana ainda não está inserida no currículo escolar, como estão as histórias da Europa e da América, não há dúvida que há um vácuo. Temos que ter consciência de como nosso povo se formou. A importância da África é crucial para nosso presente e para o futuro da nação brasileira”, afirma.

O Ministério da Educação irá distribuir a coleção para bibliotecas públicas municipais, estaduais e distritais; bibliotecas das Instituições de Ensino Superior, dos Polos da Universidade Aberta do Brasil, dos Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros, dos Conselhos Estaduais ou Distrital de Educação. Os oito volumes estão disponíveis também para download nos sites da UNESCO (www.unesco.org/brasilia/publicacoes) e do Ministério da Educação (www.mec.gov.br/publicacoes). O download é 100% gratuito e legal.

Material Pedagógico

Tendo em vista que o conteúdo por si só está longe de resolver as carências no campo, a Representação da UNESCO, em parceria com a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação e a Universidade Federal de São Carlos estão preparando a produção de materiais pedagógicos em língua portuguesa para professores e estudantes. Serão disponibilizados um livro Síntese da Coleção da História Geral da África, livros sobre história e cultura africana e afro-brasileira para professores da educação básica, um portal com ferramentas interativas para professores e alunos da educação básica e um atlas geográfico contendo a cartografia do continente africano e de sua diáspora.

Se você deseja saber mais sobre esta grande iniciativa governamental, acesse o site do "Programa Brasil-África: Histórias Cruzadas" e descubra um pouco mais do que já existe para uso em sala de aula e também o que está por vir.